quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

ESCREVER HISTÓRIAS:

Nunca pensei chegar aqui e juro que isto é mesmo verdade.
Houve um altura - uma parte inócua da minha adolescência - em que me imaginei aqui. Lembro-me de querer escrever qualquer coisa interessante e bonita como o que lia nos livros; porém, a gramática era tãooooo difícil. Dir-se-ia que eu era uma nódoa nas línguas. Um completo e redondo desastre. Mas, nunca parei de ler. Talvez o meu grande segredo seja este: eu nunca desisti de me preparar para querer ser romancista, mesmo que não soubesse que essa vontade desmedida e colossal haveria de nascer dentro de mim como mais um órgão. Isso alegra-me, principalmente nos dias mais difíceis em que me pergunto o que ando aqui a fazer. Embora possa ser um autêntico disparate, cada vez mais sinto que estive vinte e tal anos a preparar-me para estar "aqui".
Nesta altura em que o ano termina e um novo parece querer chegar abruptamente, dou por mim a olhar para o que tenho feito. Os meus sonhos estão a tornar-se realidade da forma mais íntegra e digna possível. Estou a fazer por mim desde o zero. Cada pequena vitória (como ter mil gostos numa publicação) é uma vitória que eu celebro. As conquistas são pequeninas e tão distanciadas no tempo que a melhor forma de as prolongar é festejá-las. 
São as histórias que escrevo que preenchem a minha alma e àquilo a que entrego o meu coração,a minha mente e o meu lado mais sensível. Tentei afastar-me quando percebi que endoidecia de cada vez que entrava numa viagem - numa história nova. Percebi que sempre que aceitava o desafio imposto por mim própria não pensava sequer em desistir. E há dias muito complicados, porque a história nunca é serena, nem simples, muito menos tranquila. Acho que as personagens se juntaram todas para me fazer crescer e aprender mais sobre a vida, sobre mim e sobre os outros - e nunca aprendi tanto em tão pouco tempo.
Sonho muito. Não me limito a sonhar, também faço acontecer. Não há resposta maior para aqueles que nos perguntam porque é que investimos em algo que parece não ter valor. Não há prova maior de realização pessoal do que continuar no trilho difícil de quem prefere histórias e personagens - tal como há pessoas que escolhem desportos, religiões. A escrita é um tudo para mim. Aprendi a ter fé no meu trabalho diário e não há um dia (um único dia) em que a minha vida não esteja aqui. Talvez isto seja outro dos meus segredos. Eu trabalho todos os dias. Escrever é diário e é assim que sinto que melhoro, que me torno mais perto daquilo que sonho vir a ser. Não há tempo a perder para alguém que quer tanto alguma coisa como eu quero ser romancista. 
Sei que um dia as minhas histórias serão amadas por outras pessoas, pessoas essas que saberão o meu nome sem nunca me terem visto e que saberão imenso sobre mim só porque conhecem as minhas histórias. Nenhuma das minhas histórias é autobiográfica, eu é que pertenço à escrita. Sei isto tudo, porque acredito profundamente que o esforço acaba por dar frutos. Já o disse, mas a verdade é que o meu maior medo não é o insucesso, nem o fracasso, nem cair de joelhos por isto... para tudo isso há sempre solução. Começar de novo, refazer, tentar outra vez. O meu único medo é não estar aqui para ver o sucesso acontecer. Digo isto, porque há inúmeros autores póstumos. Autores que deram a sua vida pela escrita e que morreram sem ver o quão inspiradores são - que nunca puderam saber que tantos de nós só queríamos mais um livro, mais um poema, mais uma frase. Este é o meu verdadeiro e mais profundo medo: não estar aqui quando o meu momento chegar.
Algumas pessoas poderão pensar que eu me perco muitas vezes a escrever nas redes sociais sobre a minha relação com a escrita e eu não o nego. Uma das minhas premissas enquanto aspirante a romancista é saber que quero ter voz, quero partilhar essa voz e cada uma das minhas descobertas. Prometo que farei publicações sobre a construção da história; a complexidade das personagens; a emergência do fio narrativo e da sequência - principalmente para mim que adoro histórias grandes. Mas, também é verdade que há muitos livros sobre "como escrever livros" que são manuais de regras. Eu não quero dar regras, nem diretrizes, muito menos conselhos. Não posso dar aos outros o que eu própria não sigo. A minha regra é não ter regras, excepto as gramaticais. Tenho uma relação peculiar e intensa com a escrita ao ponto de ler certas entrevistas de escritores que admiro e chorar. Sinto que sou entendida por alguns deles. Sei que afinal não sou assim tão doida, nem extremista, nem exagerada. A relação que cada um de nós tem com as palavras é única, mas se eu puder contribuir para que alguém aceite o que é (autor, escritor, romancista, poeta, dramaturgo), então é para essas pessoas que escrevo estes textos aparentemente egocêntricos. Eu não estou na escrita sozinha e nenhum de vocês está - há dias difíceis, dias em que só queremos que este sonho e esta paixão pelas histórias se ausente de nós para termos sossego (nunca se está em sossego quando se vive as histórias que se escreve), porém, há um propósito maior, há alguém que precisa das nossas histórias para enfrentar o mundo como cada um de nós já precisou das histórias dos outros. Não vale a pena contrariar o que somos. Pode demorar uma vida até ao reconhecimento, mas para aqueles que vivem a escrita, escrever é a meta. Faça-o por inteiro, faça-o de coração. 

P.S.: A fotografia é da minha autoria e sintetiza isto de escrever histórias: eu tentei e gostei.

2 comentários:

  1. Você me enche de orgulho. Você merece o mundo. ♡♡

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  2. VOU ENALTECER SUAS HISTÓRIAS PARA SEMPRE. OBRIGADA POR ESCREVÊ-LAS.♡♡

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