- Tu és tudo para mim,
Anna Hardy.
Agarrou-me na mão,
tirando-me a esponja. Passou-a no meu ombro e fez-me rir.
Ele faz-me mesmo rir. De
verdade.
- A minha alma escura
precisa que a ilumines, embora seja muito provável que eu nem alma
tenha. Hoje quando eu te procurei pela cidade e não te encontrei, ia
suicidar-me. – Confessou devagar e produziu as palavras com carícia, mas nem
assim eu deixei de me sentir profundamente magoada. – Depois lembrei-me de ti,
tu precisas que eu te proteja.
Meu Deus, ele ainda pensa
em morrer...
Ele acabou de me dizer
que só não se suicidou por minha causa.
Num gesto de desespero,
puxei a sua mão enrugada e coloquei-a aberta sobre o meu peito.
As lágrimas misturavam-se
com a água do banho e eu queria puder dissecar o meu próprio peito, para lhe
mostrar que dentro de mim morava um coração que palpitava por ele, só por ele.
- Sentes, Matt? Sentes?
Tentei gritar, mas as
lágrimas corriam-me em cascada.
Ele continuava em
silêncio.
- Eu perguntei se tu
sentias, Matt, eu quero que tu sintas, que tu me sintas! – Insisti num murmuro
sofrido e quase sem voz. – Porque o que eu sinto é que tu moras dentro de mim e
eu nunca, nunca te deixarei sair daqui. Na minha alma, mora um coração preto.
Tenho estas saudades doentias, que eu nem sei explicar, é quase como se fosse
morrer a qualquer instante quando não te vejo, quando não te sinto.
Céus!
Levei as mãos à cabeça,
eu precisava de lhe explicar, mas eu mal conseguia falar.
Pousei as mãos no seu
peito, respirei fundo e fitei-o.
- Vais levar-me ao altar,
vais dizer-me que sim olhos nos olhos e eu hei de cuidar de ti todos os dias da
minha vida, porque te amo e estou disposta a lutar contigo contra os teus
quinze fantasmas.
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